Visto EB-2 NIW: brasileiros investem alto, mas enfrentam negativas sem explicação e advogados que omitiram riscos

Adam Scott
Adam Scott
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A crescente busca de brasileiros pelo visto EB-2 NIW, uma alternativa de imigração baseada no mérito, tem levado muitos a investir quantias significativas de dinheiro e tempo em um processo que, infelizmente, não garante sucesso. Com a promessa de facilitar a residência permanente nos Estados Unidos para profissionais altamente qualificados, o EB-2 NIW atraiu centenas de brasileiros, mas tem se mostrado uma via repleta de incertezas e dificuldades inesperadas.

Embora o visto prometa dispensar a necessidade de uma oferta de trabalho formal, basta comprovar qualificação excepcional e um impacto positivo em áreas de interesse nacional, a realidade de quem entra com esse pedido é muito diferente. O principal problema está no órgão responsável por julgar as petições: o USCIS. Ao contrário do que muitos imaginam, o processo de avaliação não é conduzido por juízes especializados, mas por oficiais administrativos. Estes têm total liberdade para negar pedidos com base em interpretações subjetivas e não precisam justificar de maneira detalhada suas decisões.

O caso de J.L., um advogado brasileiro que investiu suas economias na tentativa de obter o visto, é um exemplo claro dessa frustração. “Preenchi todos os requisitos com sobra, e fui negado duas vezes. A última negativa, inclusive, foi absurda: me chamaram de mulher e utilizaram argumentos de outro processo, claramente sem ter lido minha documentação. O que mais me irrita é saber que essas decisões não são baseadas em critérios técnicos, mas em decisões arbitrárias”, revela J.L. Ele não está sozinho; muitos outros brasileiros enfrentam negativas sem sentido, apesar de seus perfis altamente qualificados.

O que agrava ainda mais a situação é a atuação de alguns advogados de imigração. Ao invés de orientar seus clientes de forma clara e honesta sobre os riscos e incertezas do processo, há quem prefira vender um “sonho americano”. Muitos advogados garantem que o perfil do cliente é forte, que as chances de aprovação são altas e que o processo é apenas uma formalidade. Essas promessas, na maioria das vezes, são infundadas, já que a aprovação do visto depende da interpretação de oficiais que nem sempre seguem um padrão claro ou lógico.

“O maior erro foi confiar em um advogado que me garantiu que minhas chances eram altas. Acreditei que, com minha formação e experiência, a aprovação seria questão de tempo. Mas o que aconteceu foi uma negativa sem qualquer justificativa plausível, e um pedido que foi mal avaliado desde o início. Não fui informado sobre a realidade do processo. O advogado não me alertou sobre as chances reais de recusa”, lamenta J.L. Para ele, o maior golpe não foi a negativa, mas a omissão dos riscos por parte dos profissionais que deveriam ser mais transparentes.

Além disso, o custo do processo também é um fator significativo. As taxas de petição, traduções juramentadas, recursos e honorários advocatícios podem somar facilmente mais de US$ 40 mil. Com um custo tão alto, muitos brasileiros acabam comprometendo suas economias e se vendo diante de uma situação onde o sonho de uma vida melhor nos Estados Unidos se torna cada vez mais distante, após uma negativa sem explicação plausível.

Casos como o de J.L. estão se tornando cada vez mais comuns. O número de brasileiros que relatam a frustração nas redes sociais e em fóruns especializados é crescente. Eles compartilham histórias de meses ou até anos de preparação, investindo grandes quantias em traduções, documentos e taxas, apenas para ver seu pedido negado sem explicação detalhada. A desilusão e o sentimento de injustiça estão tomando conta daqueles que acreditavam que, ao atender a todos os requisitos legais, estariam no caminho certo para obter o visto.

O alerta de J.L. é claro: é fundamental que os brasileiros que consideram o EB-2 NIW como uma via de imigração estejam cientes de que não há garantias, por mais robusto que seja o dossiê apresentado. “Eu fui vítima desse processo. Hoje, se alguém me pedisse orientação, eu diria que é preciso entender os riscos envolvidos. O USCIS tem poder total de decisão, e nem sempre as negativas fazem sentido. Isso não é explicado claramente pelos advogados que cobram altas taxas”, conclui J.L. Para ele, é essencial que haja mais transparência sobre o processo e que os advogados ajam de forma mais ética, informando os clientes sobre os riscos e desafios reais do caminho que estão prestes a trilhar.

Autor: Adam Scott

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