Exército russo aposta em motos e buggies para ataques-relâmpago no front de guerra na Ucrânia

Adam Scott
Adam Scott
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Brigadas militares ucranianas apontam que veículos são mais difíceis de identificar e interceptar, ajudando Moscou a ganhar posições na linha de frente

Andrii desce da moto em Pokrovsk, na província ucraniana de Donetsk, para pegar suprimentos e levá-los para sua unidade na linha de frente. Ele é um soldado da 3ª Brigada de Assalto e sua motocicleta — ideal para estradas montanhosas — é seu bem mais precioso, por onde transporta equipamentos entre diferentes posições no front da guerra. Mas o trabalho de Andrii é uma exceção. As Forças Armadas ucranianas não estão reproduzindo o que esse veterano militar considera “um claro progresso do inimigo”: a introdução de motocicletas como cavalaria de assalto rápida.

A guerra na Ucrânia evoluiu para um conflito no qual qualquer movimento é detectado pela presença maciça de bombas e drones de monitoramento na linha de frente. Cada vez mais veículos pequenos estão entrando em ação em detrimento dos veículos de infantaria blindados, mais lentos e mais fáceis de serem identificados.

Em entrevistas realizadas pelo El País no front de Pokrovsk, três batalhões diferentes deram como exemplo da mudança o processo de evacuação de soldados feridos: agora isso só pode ser feito à noite e, em sua maioria, em veículos pequenos, como buggies.

Analistas militares ucranianos e de aliados ocidentais notaram o salto no uso desses veículos por parte do Exército russo desde abril. Vídeos transmitidos pela mídia russa e contas militares mostram uma grande frota de motocicletas nas bases de regimentos como a 123ª Brigada de Rifles Motorizados em Donetsk e o 71º Regimento de Rifles Motorizados na linha de frente em Zaporíjia. Nesta última, imagens mostram motos equipadas com gaiolas de metal para proteger a tripulação de ataques de drones. Nos últimos meses, soldados russos recomendaram, em suas contas no Telegram, o uso de motocicletas elétricas porque elas são silenciosas e mais difíceis de serem detectadas por drones com visão noturna térmica.

— As motocicletas são uma boa tática porque são mais difíceis de serem interceptadas por drones, são menos barulhentas e mais rápidas do que veículos blindados ou SUVs — diz Andrii. — Os russos estão usando-as em grande número e estão melhorando.

Em outra área de combate em Donetsk, em Kostiantinivka, um sargento da 93ª Brigada Mecanizada confirmou a mudança tática ao El País em 8 de junho:

— Os russos têm tudo para o transporte de infantaria e agora têm motocicletas. Essas são as piores, porque são difíceis de detectar e nossos homens não conseguem identificar o que é esse ruído distante.

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